29.7.09

Coisa de Adolescente
Por Edner Morelli



Confesso que há muito tempo não ouvia Legião Urbana. Mas por conta de um sebo aqui perto de casa voltei a contemplar a obra do extinto Aborto Elétrico. Explico: o “carlinhos”, chegado do comércio localizado no bairro do Jardim Santa Emília, faz umas discografias completas de várias bandas em MP3 por cinco reais. Olhe só! Eu que sempre fui contra esse tipo de coisa. Calma, não tem nada aqui de falsa moralidade, protesto contra a pirataria, ou algo do tipo, o lance é outro. Sempre gostei de pegar o CD da banda, apreciar o encarte, ler as letras, assim que cheguei à poesia. Porém, na atual situação, resolvi adquirir o produto. Fui um daqueles adolescentes fanáticos em Legião, era só falar mal da banda do meu lado, era briga na certa. Coisas do tipo: “o Renato é viado, o som dos caras é muito repetitivo etc.”. Ficava puto. No entanto, o fato é que na minha visão adolescente simplesmente tudo o que os caras compunham era muito bom, podia até ser repetitivo, mas se tratava daquela genialidade dos movimentos de minha alma. Um adolescente que nunca gostou de Legião pulou essa fase, esse rito de passagem, amadureceu sem o pré-estágio desse doce sofrimento de idealizações, utopias, amores impossíveis etc. Indo adiante... ingressei no “mundinho” acadêmico, fui fazer Letras, comecei a lecionar, pós-graduação, artigos científicos, ensaios, leituras. O fato é que me distanciei do som da banda. Não sei se por culpa de um elitismo acadêmico, ou sei lá! Bom, o fato agora é que voltei a ouvir o som dos caras, já expliquei como. Hoje, confesso que nem tudo o que os caras fizeram é muito bom como pensava, mas, de fato, o Renato escrevia muito bem. Coisas do tipo “fiz carvão do batom que roubei de você e com ele marquei dois pontos de fuga e rabisquei meu horizonte” (trecho de Acrilic on Canvas) vamos concordar, não se encontra letristas-poetas por aí, a cada esquina, com essa carga lírica-simbólica que percebemos em alguns momentos do Renato.


Ps. Se o primeiro álbum da Legião Urbana tivesse sido lançado na Inglaterra, teria, de fato, entrado para a história oficial do rock mundial.